“Temos que defender o mercado, sem fechar a economia”, diz Pimentel

“Temos que defender o mercado, sem fechar a economia”, diz Pimentel

Brasília (23 de março) – Em entrevista aos correspondentes de agências de notícias e veículos de imprensa estrangeiros, na manhã de hoje, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, citou três desafios que estão sendo enfrentados pelo governo federal: defender o mercado, o real e aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro.

“Temos que defender o mercado brasileiro, sem fechar a economia. Não estou falando de voltar a práticas protecionistas do século XIX e XX. Estou falando de defender o mercado de práticas predatórias e de comportamentos ilegais e fraudulentos”, disse sobre o primeiro desafio.

De acordo com o ministro, a crise econômica internacional restringiu os mercados tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia, e aumentou a “cobiça” pelo acesso aos mercados dos países emergentes. “Diante desse cenário, é necessário aumentar a defesa comercial, sempre, porém, de acordo com as regras da Organização Mundial de Comércio”, frisou. “Fechar a economia seria um retrocesso. A economia brasileira tem que estar aberta e exposta à competição”, disse.

A defesa da moeda, do real, tem de ser feita “sem que isso signifique em aumento de inflação”. Para Pimentel, a política de expansão monetária norte-americana e da União Europeia resultam “num efeito perverso de valorização das moedas dos países emergentes”, disse. “É preciso evitar que o real se valorize demais, mas não podemos fazer isso de forma muito arrojada para evitar um impacto inflacionário. É um equilíbrio sensível”, declarou o ministro.

O aumento da produtividade do trabalho também deve ser perseguido, segundo Pimentel, sem ferir os direitos trabalhistas. O ministro considerou que o desenvolvimento econômico brasileiro está associado ao desenvolvimento social e que isso será mantido. Ele avaliou que, com a crise internacional, alguns países estão reduzindo os direitos trabalhistas. “O capital criou essa crise e agora quer que o trabalho pague. Não é justo, e não é esse o caminho que o Brasil vai seguir”, disse.

BRICS

Na entrevista, Pimentel também falou sobre IV Cúpula do BRICS – bloco formado pelos países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que será realizada em Nova Delhi, no dia 29 de março. Ele comentou que o governo brasileiro “estuda com simpatia” a proposta de criação de um banco de desenvolvimento composto pelos bancos centrais dos países do bloco. “Está em estágio inicial e não aprofundamos ainda nos detalhes operacionais, mas acho que podemos avançar nesta proposta durante esta reunião”, falou.

Estados Unidos

Sobre a visita da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos, em abril, Pimentel disse o governo brasileiro quer discutir os reflexos da expansão monetária do dólar com o parceiro americano. O ministro avaliou ainda que as relações comerciais com os Estados Unidos são boas, mas que há sempre ajustes a serem discutidos. “Hoje, não temos nenhuma grande divergência com os nossos principais parceiros comerciais. Ao contrário, estamos sempre trabalhando em cooperação com esses países”, complementou.

Pimentel informou ainda que a presidenta visitará estudantes brasileiros em universidades norte-americanas beneficiados pelo programa Ciência Sem Fronteiras que, até o final deste ano, vai atender a 18 mil alunos de cursos de ciências exatas e biológicas. Até 2014, serão 100 mil bolsistas brasileiros em universidades estrangeiras de excelência.

China

Sobre a China, Pimentel acredita na possibilidade de utilizar as moedas locais para realizar as trocas comercias entre os dois países. “Vemos com simpatia, mas achamos que só será utilizado com países que tenham um volume significativo de comércio, que é o caso da China”, afirmou.

México

O ministro também comentou a revisão do acordo automotivo com o México. “Fiquei surpreso com algumas críticas que foram feitas sobre esse processo. Não houve quebra de regras e nenhuma ruptura. Foi uma negociação comercial normal. É uma relação comercial ótima. Os mexicanos irão continuar a vender automóveis para o Brasil e nós também vamos continuar a vender para eles”, disse.

Fonte: MDIC