02 jul Entrada da Venezuela no Mercosul divide o governo uruguaio
A entrada da Venezuela como membro pleno do Mercado Comum do Sul (Mercosul) ainda neste mês dividiu o governo uruguaio e provocou reação da oposição no Congresso ao presidente José Mujica. Nesta segunda-feira pela manhã o chanceler uruguaio Luis Almagro afirmou em entrevista à rádio “El Espectador” que fez questão de se retirar da sala da reunião de presidentes do bloco, em Mendoza, Argentina, na última sexta-feira, quando se anunciou a decisão.
“Tenho objeções ao procedimento, tenho que passar esta declaração aos serviços jurídicos do ministério e analisar novamente a legalidade dessa medida”, disse ele à rádio, acrescentando que a iniciativa de adiantar o ingresso venezuelano no bloco foi da presidente Dilma Rousseff.
Horas depois, em coletiva de imprensa transmitida pela internet, o secretário da presidência, Alberto Breccia, afirmou que “quem toma as decisões no Mercosul são os presidentes”. Segundo ele, o bloco decidiu que era necessário sinalizar que o Mercosul precisava contar com uma força maior, a Venezuela. “O Uruguai tomou a posição de não vetar o nosso quarto maior parceiro comercial. O governo entende que o ingresso da Venezuela é necessário para o Mercosul”, afirmou.
O secretário da presidência uruguaia disse ainda que nenhum processo foi atropelado, porque todos os trâmites para o ingresso da Venezuela no Mercosul já haviam ocorrido e faltava apenas a ratificação do legislativo do Paraguai. De acordo com o relato de Breccia, “houve uma discussão na reunião dos presidentes sobre a conveniência de se fazer o anúncio naquele momento e das implicações jurídicas que ele poderia ter, mas eles entenderam que havia segurança suficiente”. Segundo o secretário, “partiu de Mujica a sugestão de se formalizar o ingresso apenas no dia 31 de julho, para alguma eventualidade, mas a decisão política estava tomada”.
A oposição a Mujica articula a convocação de Almagro para depor no Senado uruguaio sobre o caso. A conta do senador Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, no microblog Twitter, informa que a lei 18.053, que ratificou no legislativo uruguaio a entrada da Venezuela no bloco, condicionava a adesão à aprovação de Brasil, Argentina e Paraguai. “Nessas condições (sem o Paraguai) o ingresso deve ser submetido novamente ao parlamento”, informou o responsável pela conta de Bordaberry na rede social.
Fonte: Valor Econômico – Por: Cesar Felício